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IA e Liderança em tempos de algoritmos

Atualizado: 10 de nov.

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Como proteger a dignidade dos colaboradores diante de sistemas que não compreendem empatia, propósito ou valores?


Estamos vivendo um momento em que decisões críticas dentro das empresas – contratações, promoções, métricas de performance, até movimentações estratégicas – começam a ser mediadas por algoritmos. Ferramentas de inteligência artificial já são capazes de recomendar candidatos, prever padrões de engajamento e projetar cenários de produtividade. A promessa é eficiência. Mas a pergunta que precisamos encarar é: qual o custo humano dessa eficiência?


Muitas organizações confundem automação com governança. Acreditam que, ao delegar decisões a sistemas, eliminam vieses e riscos. A realidade é mais complexa. Algoritmos não carregam valores, apenas reproduzem dados históricos, e dados refletem escolhas humanas, nem sempre éticas.


Quando um modelo sugere que um colaborador tem “baixo potencial de crescimento”, ele não está apenas processando informações, ele está cristalizando vieses que podem ser irreversíveis para a carreira daquela pessoa.


É aqui que surge o novo papel da liderança e, em especial, das áreas de Gente e Cultura: arquitetar confiança. Não basta treinar equipes para usar inteligência artificial, é preciso criar protocolos éticos, auditar modelos e garantir que decisões críticas não sejam tomadas sem supervisão humana. Liderar, nesse contexto, não é apenas gerir pessoas, mas proteger sua dignidade diante de sistemas que não compreendem empatia, propósito ou valores.


Há também outro risco silencioso: a erosão cultural. Empresas que tratam pessoas como métricas correm o risco de perder sua coesão invisível, aquele contrato psicológico que sustenta confiança, engajamento e pertencimento. O excesso de algoritmos sem contexto pode criar cinismo organizacional: profissionais que cumprem metas numéricas, mas não acreditam mais no projeto coletivo da empresa.


O futuro das organizações está na coragem ética dos líderes em colocar a cultura no centro da equação. Precisamos aprender a usar dados como bússola, sem esquecer que são as pessoas que escolhem a direção. Governança, neste novo cenário, não é sobre tecnologia, mas sobre humanidade.


As empresas não devem cair na tentação do atalho matemático. Precisam saber combinar inteligência artificial com inteligência emocional, métricas com valores, performance com propósito. Porque, em última instância, o que sustenta qualquer transformação tecnológica não são os algoritmos, mas as pessoas que decidem como usá-los.


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