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Você está produzindo valor para quem, exatamente?

Atualizado: 10 de nov.


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Toda empresa diz entregar valor. Mas poucas sabem, de fato, capturá-lo. Em 2025, essa distinção deixou de ser semântica: tornou-se existencial. Num mercado onde a excelência virou commodity e a inovação virou ruído, a verdadeira vantagem competitiva migrou — da entrega para a apropriação.


Eis o paradoxo: quanto mais sofisticada a entrega, maior o risco de irrelevância estratégica. É o dilema da “superentrega desconectada”: organizações que fazem mais do que o mercado quer pagar, que encantam sem converter, que surpreendem sem capturar. Criam produtos exuberantes como vitrines parisienses — para clientes que buscam o básico de um atacarejo.


Essa assimetria não é apenas operacional. É cognitiva. Porque o valor não reside na entrega em si, mas na percepção legitimada por quem tem poder de decisão — e de pagamento. O usuário pode aplaudir, mas quem assina o cheque precisa enxergar margem. Daí a pergunta incômoda, mas inadiável: você está investindo valor onde há retorno ou apenas onde há aplauso?


Na prática, a captura estratégica de valor exige mais que um bom UX ou uma experiência fluida. Exige uma arquitetura de percepção: um design deliberado de posicionamento, narrativa e intencionalidade na cadeia de captura. Quem está no centro da sua estratégia — o usuário, o pagador, o regulador, o investidor, o distribuidor? Um desalinhamento aqui é o elo fraco que pode tornar toda a operação estéril.


Empresas maduras operam com uma governança da experiência — não no sentido estético, mas estratégico. Sabem que entregar com excelência é só o ponto de partida. O diferencial está em onde não entregar, o que não sofisticar, o que não prometer. Porque o desperdício também veste gravata e atende pelo nome de overdesign.


Nesse contexto, o VMO (Value Management Office) não é um comitê de controle — é uma instância de consciência. Um radar executivo que levanta a mão quando a organização começa a regar plantas com água importada. Sua pergunta-chave não é sobre o que estamos entregando, mas sobre o que estamos convertendo em margem, influência e recorrência.


Valor, em última instância, é o que sobrevive à percepção. O que se transforma em continuidade, em margem, em relevância sustentada. O resto é esforço bem-intencionado, porém estrategicamente disperso. A pergunta final não é o quanto você entrega, mas o quanto o mercado se sentiria órfão se você deixasse de existir amanhã.


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